quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dias das crianças

Eu era criança quando as borboletas eram objeto de alcance possível, mesmo eu não as segurando. 


Eu ainda era criança quando, mesmo meus desenhos sendo feios, eu os achava lindos e saía mostrando aos outros, dizendo: olha, eu que fiz!


Eu ainda não havia crescido quando o mar e a pessoinha do sexo oposto não me traziam indagações, elas eram mesmo mais uma oportunidade pra brincar.


Eu estava na infância quando me machucava feio e chorava. 


Quando eu tentava fingir ou trapacear e não conseguia. 


Quando eu sorria se fosse legal e fechava a cara se eu realmente não gostasse.





Eu era criança quando as pessoas eram muito grandes e eu precisava de todas elas porque eu não entendia das coisas.




 Quando eu sabia que era vulnerável e tinha medo de tudo o que me apresentava perigo, e então eu corria, eu fugia pra alguém que eu sabia que iria cuidar de mim.


Será que tudo isso acabou? Por que as coisas agora são tão complicadas? Por que eu tento parecer forte, eu tento mostrar maturidade e ser melhor que os outros quando eu preciso mesmo é de proteção? E, na verdade, eu sou frágil. Por que, lá no fundo, nada do que eu faço é suficiente, nada é digno de minha própria admiração? Por que às vezes eu perco a esperança achando que nunca vou conseguir se passei tanto tempo caçando borboletas? E apenas o tentar já me satisfazia.

Quando crescemos e achamos que nos tornamos donos de nós mesmos, é exatamente quando deveríamos entender nossa pequenez e ver que na pequenez de tudo o que nos rodeia é que está a verdadeira felicidade.

 Eu ainda era criança, mesmo que espiritualmente, quando aprendi a orar, com palavras simples, em um gesto simples, eu acreditava de verdade que Deus me ouvia, e eu o buscava não entendendo a importância do meu ato. Agora eu sei, agora entendo.

E o que tenho feito com todo esse meu conhecimento?

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